quarta-feira, 29 de junho de 2011

UEPG/Rondon desevolve projeto de turismo em cidade do RS

UEPG/Rondon desevolve projeto de turismo em cidade do RS


por Neomil Macedo

  
A equipe do Projeto Rondon foi recebida no gabinete do prefeito Paulo Roberto Machado
A hospitalidade da gente de Paraíso do Sul ficou gravada na história de vida da equipe da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que fez a Operação Retorno do Projeto Rondon ao município da região central do Rio Grande do Sul, de 17 a 25 de junho. A UEPG marcou presença na cidade pela primeira vez em 2009, para o desenvolvimento de ações sociais e técnicas em áreas diversas. Apartir de solicitação da Prefeitura de Paraíso do Sul, com autorização do Ministério da Defesa (responsávela pela coordenação do Projeto Rondon), a Operação Retorno focou ações na atividade turística, como uma alternativa econômica para o município, cuja arrecadação está centrada na agricultura, com destaque para o arroz irrigado e o fumo.
“Estamos numa região politicamente fraca, sufocados entre grandes municípios”, diz o prefeito de Paraíso do Sul, Paulo Roberto Machado (PMDB), ao traçar um perfil da cidade para os integrantes do Projeto Rondon. Como a grande maioria dos prefeitos do país, Roberto Machado critíca a política federal de repasse de recursos aos municípios, com pouco dinheiro para investimento. A cidade de pouco mais de sete mil habitantes não possui favelas, apesar de contar com bolsões de pobreza, gerados principalmente pela falta de emprego e qualificação profisisonal. “A gente busca parcerias como o Sesc e o Senar, mas poucos se inscrevem”, comenta o prefeito, explicando que “quem está na lavoura, quer ficar lá, resistindo a qualquer tentativa de mudança”.
Nesse ponto, o prefeito destaca a participação da equipe da UEPG, para despertar nos gestores municipais e na população de Paraíso do Sul uma visão profissional sobre a atividade turísitica, explorada com sucesso por municípios vizinhos, que acabam atraindo os próprios paraisenses. O turismo é visto pelo chefe do Executivo como uma alternativa para a cidade, diante das oscilações dos preços agrícolas, sobretudo na cultura do fumo, cujo mercado é regulado pela indústria fumageira. “Temos um jeito próprio de fazer as coisas, mesmo na produção agrícola”, salienta Roberto Machado, apontando potenciais do município que podem ser explorados turisticamente, como a colonização alemã, a culinária, o artesanato e os atrativos naturais.
Oficina sobre Turismo
O jeito próprio de os paraisenses fazerem as coisas ganhou força na oficina sobre turismo, ministrada pela turismóloga Silvana Kloster, aluna do mestrado em Geografia da UEPG, com o suporte de alunas do curso de Turismo e de Artes Visuais. “Vocês já têm o mais importante, a hospitalidade, a simplicidade, saber receber as pessoas”, disse ela para um público formado por funcionários municipais, estudantes e pessoas da comunidade. A dinâmica utilizada na oficina gerou um diagnótisco turístico do município, elaborado pelos próprios paraísenses, que puderam expor suas visões sobre turismo, pontos positivos e negativos da atividade, como e para quem desejam desenvolvê-la. “O município precisa descobrir sua identidade, aquilo que o diferencia dos demais, para então partir para a exploração turística”, afirma Silvana.
As conclusões da oficina foram compiladas no documento “Levantamento preliminar das potencialidades turísticas do município de Paraíso do Sul (RS)”, entregue à secretária de Turismo, Veraci Weise, pelo coordenador da Operação Retorno, professor Mario Cezar Lopes, do departamento de Métodos e Téncnicas da UEPG. Segundo Silvana Kloster, esse levantamento é o ponto de partida para que os gestores de Paraíso do Sul alavanquem o turismo na cidade, através de políticas públicas de incentivo, regulamentação e profissionalização da atividade, além de parcerias com órgãos de fomento, empresários, lideranças e a população.
Para a turismóloga e mestranda em Geografia, a exemplo de municípios dos Campos Gerais, como Tibagi e Castro, Paraíso do Sul tem a vantagem de ser uma cidade pequena, podendo iniciar sua exploração turística sem os problemas de uma metrópole, onde esse processo se dá de maneira gradativa, num trabalho que pode durar décadas. Tibagi foi citado como exemplo de experiência bem sucedida na concepção de uma mentalidade voltada para o turismo, envolvendo poder público e sociedade. Nessa mesma linha, Silvana mostrou a criação da Rota dos Tropeiros, nos Campos Gerais, uma iniciativa regional já consolidadada entre os roteiros turísticos do Paraná. Paraíso do Sul faz parte da Colônia Santo Angêlo (juntamente com os municípios de Agudo, Cachoeira do Sul e Dona Francisca) que ainda carece do desenvolvimento de atividades integradas.
Oficina sobre unidades de conservação e geoparques
Acadêmicas de Turismo realizaram inventário turístico do município
Também de Tibagi, o Parque do Guartelá foi tomado como exemplo na oficina sobre meio ambiente, unidades de conservação e geoparques, ministrada pelo mestrando em Geografia, Heder Leandro Rocha. “O impacto da atividade turística é inevitável. A idéia é reduzir o máximo possível esses impactos ambientais, de forma que o turismo se sustente ambientalmente e economicamente”. Como contraponto, Heder Rocha cita o Buraco do Padre, atrativo natural de Ponta Grossa, divulgado pela prefeitura em impressos e no portal do município na internet, mas que está localizado em propriedade particular, o que gera um impasse. Nenhuma das partes investe em infraestrutra no local, e o que se vê é visitação desordenada e degradação ambiental, que geram uma imagem negativa para o município.
Como atividade prática, Heder Rocha promoveu a elaboração do mapa turístico de Paraíso do Sul, a partir de apontamentos dos participantes da oficina. Das discussões, foram traçadas três rotas, uma cultural e histórica, com passagens por cemitérios, igrejas e casarões antigos; outra natural, para visitação aos atrativos naturais e excursões técnico-científicas; e uma terceira, de artesanato e gastronomia, pontuando as propriedades de produtores do município. Juntamente com este roteiro, o levantamento de potencialidades inclui o inventário turístico do município, elaborado por acadêmicas de Turismo da UEPG.
Secretário de Administração, Antônio Lousado, prefeito Roberto Machado, professor Gilson Cruz, secretário de Educação Marcus Macedo, e o professor Mario Cezar Lopes, na entrega de certificado à UEPG
Ao avaliar a Operação Retorno a Paraíso do Sul, o professor Mario Cezar Lopes, aponta para a experiência proporcionada aos acadêmicos. “O Projeto Rondon tem esse objetivo de integrar os universitários ao desenvolvimento nacional, por meio de incursões à realidade de comunidades que estão à margem desse processo”, diz o coordenador da Operação Retorno, acrescentando que, seguramente, após participar do Rondon, o acadêmico passa a ter outra visão do país e da sua própria formação profissional e cidadã. Em relação ao projeto turístico de Paraíso do Sul, ele acredita que existe uma vontade política da administração municipal de transformar o município num destino turístico, o que por si só não basta, havendo uma necessidade de envolvimento das lideranças locais e regionais, empresários e comunidade. “Esperamos ter contribuído para que o município tenha sucesso nessa busca de uma identidade turística”.
A equipe da Operação Retorno do Projeto Rondon a Paraíso do Sul (RS) teve a coordenação do professor Mario Cezar Lopes, contando com a participação do professor Gilson Campos Ferreira da Cruz (assistente da coordenação), Silvana Kloster (turismóloga e mestranda em Geografia), Heder Leandro Rocha (mestrando em Geografia), Heloísa Soares Lopes (turismóloga e acadêmica de Artes Visuais), Alana Miliorini, Tamires Dias Mendes Carmo, Ana Paula Cunha e Juliane Dias (acadêmicas de Turismo) e Neomil Macedo (jornalista, assessor de comunicação). Na retaguarda, a operação contou como trabalho agente universitário Siderlei do Nascimento, da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex).
Equipe do Rondon, no Poço Verde, um dos atrativos naturais de Paraíso do Sul
A CIDADE
Paraíso do Sul está entre os municípios que compõem a Colônia Santo Ângelo (juntamente com Agudo, Dona Francisca e Cachoeira do Sul). O município foi criado em 1988, com área 337 quilômetros quadrados, a partir da fusão dos distritos de Paraíso e Rincão da Porta, emancipados o município de Cachoeira do Sul. A hospitalidade e a simplicidade são características da população, distribuída nas etnias alemã, portuguesa, italiana, negra e indígena. Segundo dados do IBGE, o PIB per capta do município gira em torno de R$ 12 mil. A região apresenta vestígios pré-históricos que abrangem um período de pelo menos oito mil anos, tendo sido encontrado vestígios arqueológicos de tribos indígenas.Os pontos turísticos com maior destaque são a Cascata do Poço Verde, Balneário Pau-a-Pique, Açude das Garças, Morro Solitário e Cerca de Pedras.
Vista de Paraíso do Sul
 
Trevo de acesso a Paraíso do Sul

2 comentários:

  1. REALMENTE, O PROJETO RONDON PROPORCIONA UMA GRANDE EXPERIÊNCIA, TANTO PROFISSIONAL QUANTO PESSOAL, ONDE PUDEMOS COLOCAR TODO NOSSO CONHECIMENTO ADQUIRIDO EM SALA DE AULA E TAMBÉM PUDEMOS NOS ENVOLVER COM OS MORADORES, APRENDENDO MUITO SOBRE ESSA RELAÇÃO ENTRE TURISMO E COMUNIDADE LOCAL.
    MISSÃO CUMPRIDA.. \O/

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  2. Bom saber Juliane !!! Parabéns à voces pelo trabalho !!

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