A assinatura do acordo foi realizada nesta tarde, em Ponta Grossa, durante o Congresso Brasileiro de Espeleologia
por Neomil Macedo
Transformar cavernas em destinos turísticos e fonte de renda para os municípios é um dos objetivos da Associação de Cavernas Turísticas Íbero-Americanas, criado nesta quinta-feira, em Ponta Grossa, durante o 31º Congresso Brasileiro de Espeleologia, realizado na Universidade Estadual de Ponta Grossa. A Associação contará com representantes do México, América Central, América do Sul, Portugal e Espanha. O objetivo é criar regimentos para padronizar a exploração sustentável de cavernas.
Juan Valsero, presidente da Associação Espanhola de Cavernas Turísticas, explica que o projeto nasceu na Espanha, onde existem mais de 40 cavernas turísticas. “A intenção foi padronizar as normas para que haja exploração sustentável do espaço”, diz. Para ele, é preciso haver manejo. “A atividade não pode ser predatória, para que o patrimônio seja preservado”, comenta.
A experiência, que tem 14 anos na Espanha, deverá agora ser implantada nas Américas. “A Associação que está sendo criada aqui tem basicamente duas funções: compartilhar experiências e ser um núcleo de organização de ventos, periódicos, sites, além de fomentar o debate científico”, conta. O trabalho começou há dois anos durante Congresso Internacional de Espeleologia nos Estados Unidos. “Após a criação da Comissão Gestora, foi criado o estatuto da Associação e também feito um levantamento das cavernas que podem ser exploradas turisticamente”, diz. De acordo com ele, muitos países manifestaram apoio à iniciativa.
Atualmente, o grupo trabalha no levantamento dos locais para definição do número de visitantes, época de visitação a fim de reduzir o impacto nas cavernas e em seus ecossistemas. “Na Espanha, temos monitoramentos constantes das cavernas desde 1982 a fim de realizarmos visitação sem causar danos à caverna, modificando sua temperatura, umidade ou biodiversidade”, explica Rafael Rodríguez, também da Associação Espanhola de Cavernas Turísticas.
Dificuldades
De acordo com os membros da Associação Espanhola, a maior dificuldade para implantação nas Américas é a falta de gestão das cavernas. “Algumas são de responsabilidade dos governos, outras são privadas. Há muitas empresas que exploram economicamente os locais, mas não assumem o compromisso de preservação”, conta Rodríguez. Por isso, um dos primeiros passos da Associação será criar normas que regulamentam a exploração. “É preciso controle ambiental, investigação para limitação de visitantes e exploração sustentável”, diz.
Segundo ele, na Espanha nenhuma caverna precisou ser desativada por falta de recursos ou por não atrair turistas. “É uma área interessante para a economia, mas precisa ser aproveitada de forma adequada e responsável”, comenta.
O espeleólogo José Ayrton Labegalini explica que, no Brasil, existem apenas 16 cavernas turísticas. “A exploração ainda não contribui ou reflete positivamente na economia do país, mas pode fazer toda a diferença se bem executada. O turismo espeleológico é muito representativo em países como a Eslovênia, a Espanha e Portugal”, comenta. Para ele, o Brasil tem muito mais potencial do que todos estes países juntos, “mas precisa de gestão pública voltada para isso”.
A criação da Associação deverá contribuir para elevar e coordenar a exploração do turismo espeleológico nas Américas.
Texto : Paula Schame (GUPE/Diário dos Campos)
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